agosto 17, 2005

aero.porto

Azul. Cor latejante de aventura e horizonte que me transforma, apesar do medo. O meu olhar perde-se no presente, e futuro próximo. Nebulosidade que se apaga. Agora sei porque me vaganbundei tanto no passado, dado que me redescubro mais forte, acolhida num sofá de palavras ricas e poderosas, as essencialidades. Os livros que desfolho relevam-me talvez o teu rosto salpicado, de uma alegria de orvalho e pureza. É da minha natureza esta necessidade de me mover, de partir, para poder chegar, só para um dia chegar de vez. Nuns braços teus de porto, a uma marina de intimidades explosivas e ricas. A partir desse momento, saberei intuitivamente que todas as explorações permanecem em terreno próximo, porque a nossa proximidade torna-se respiração, e traduzem-se numa arqueologia dos teus sentidos, das tuas experiências, sonhos, desafios e suspiros. Suspiros que de tão partilhados se tornam linguagem. E então, o barco fica-se, o vôo tem sempre dois lugares.

agosto 08, 2005

rir.da.minha.cara

Quero adormecer. Sobrevoar tanto azar, tanto imprevisto alterado. Adio o tempo em que volto a sentir uma pele que me comunica o mundo, numa nova perspectiva.
Por avesso, a vida. Mas ao não esquecer aquela alegria dos momentos bons, deliciosos, dos pôr-do-sol da alma, em que tudo é tão leve, acredito com persistência na mudança repentina de uma roda catalítica. Sem querer, volto a desejar toda a minha inocência, os meus primeiros beijos, os primeiros actos vitoriosos, tocando o tecto, colando as mãos suadas no estuque fresco. Os sorrisos que fazem cócegas, nas barrigas nuas e meninas.
As lembranças, são tão somente um lugar seguro. Esqueço os momentos em que me afastaram, em que me querendo se negam a esse querer, instantes de silêncio convulsivo. Quis tanto, tanto cada um, cada pedaço. Vejo o importante, o essencial, como se a luz nada toldasse, porque a sombra se zangou, e divorciou-se de vez deste quarto.