setembro 07, 2006

lisboa.aquele.lugar

Há aquele lugar que não tem memórias, mas é aquele lugar em Lisboa, onde me sinto diferente. Onde não há anseios, nem urgência de esquecer toques e sonhos. E aquele lugar é só meu, de noite e dia, e ainda que por vezes partilhado, por ser incompreendido para os outros, ele torna-se o meu lugar, onde o tempo e o espaço se misturam. E lembro-me de mim, e futuro-me. E Lisboa exponencia-se nesse lugar, onde há cheiros, e cores, e ruídos e silêncios, e história e ficção. Morte e vida.
Não é lugar onde se viva, nem onde se ame, nem onde se coma ou se dance.
É só aquele lugar que quase todos atropelam, e não se paga, não dá estatuto, não é pretendido por filas aguardantes de estímulo.
Magia de uma Lisboa discreta, onde se sente tudo, mas não amarga. Onde nos damos conta do milagre de haver amanhã. E da supremacia de nos comunicar-mos com tudo, e de Lisboa se expôr linda.
É delicioso regressar. Aquele lugar. Que só existe aqui. Lisboa.