setembro 16, 2016

Os dias que fogem de nós.

Estes dias são feitos de outro espaço-tempo. Tenho tempo, mas ele teima em fugir. Tanto para fazer, mas ao mesmo tempo parece que o dia corre, e fica quase tudo por fazer. Os meus objetivos de agenda, as tarefas sérias, de adulto, escrevo-as na agenda e sublinho com o marcador fluorescente, para ter a certeza que os prazos são cumpridos. Porque tornou-se fácil, não cumprir uma única tarefa agendada para o dia. Inacreditável, mesmo. E quão tranquila eu fico por adiar para amanhã, ou para a semana, nem me reconheço.

No entanto, é preciso que se note, que existem milhões de pequenas atividades em que invisto o meu tempo agora, e que não existiam antes, pois não tinham objecto, até agora.
São conversas, risadas, carinhos, muda de fralda, mama (muitas vezes ao dia), beijinhos e muito, mesmo muito toque. Iniciam-se rituais que irão durar anos, mas que agora quase toda a atividade é minha. De futuro, partilharei essas atividades, porque irá surgindo devagarinho, debaixo do lençol, da roupa, da cortina do banho, da cadeira, a autonomia.

Quando nos parece que o tempo foge em alturas como esta, podemos concluir que estivemos claramente conectados com as atividades, e se não realizámos grandes feitos, grandes projetos, realizámos o maior de todos.

Nestes dias fomos apenas pais, e estamos exaustos mas muito realizados.

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